Aventuras, romances, dramas, comédias e fantasias para o suporte na recuperação de condições físicas e psicológicas.
Chegar ao consultório ou ao hospital por um incômodo qualquer e, no final da consulta, sair com a prescrição de ir em uma livraria para comprar um livro para ler – a receita. Parece estranho? De modo algum… ler ajuda a aliviar depressão, ansiedade e outros problemas que atingem a mente e todo o organismo, por consequência.
As inglesas Ella Berthoud e Susan Elderkin garantem o poder medicamentoso da leitura de livros. Redigida em estilo de manual médico, a obra reúne cerca de 200 males divididos em ordem alfabética e, para cada um, há dicas de leituras.
As autoras se conheceram enquanto estudavam literatura na Universidade de Cambridge. Entre um debate sobre um romance e outro, tornaram-se amigas e criaram um serviço de biblioterapia, em que apontam exemplares para as pessoas que necessitam de ajuda. “O termo biblioterapia vem do grego e significa a cura por meio dos livros”, ressalta Ella.
O método é tão sério que virou política de saúde na Inglaterra. Desde 2013, os pacientes com doenças psiquiátricas recebem indicações do que devem ler do especialista. Da mesma maneira que vão à drogaria comprar os remédios prescritos, eles levam o receituário à biblioteca e tomam emprestados os volumes aconselhados.
As autoras acreditam que é possível tirar lições valiosas do que fazer e do que evitar a partir da trajetória de heróis e vilões. “Ler sobre personagens que experimentaram ou sentiram as mesmas coisas que vivencio agora auxilia, inspira e apresenta perspectivas distintas”, afirma.
As sugestões não são limitadas a épocas ou movimentos literários – todas as obras da humanidade estão incluídas. A mais antiga que integra o livro das autoras inglesas é a epopeia “O Asno de Ouro”, de Lúcio Apuleio, escrita no século 2, que serve de fármaco para exagero de autoconfiança. Foram incluídos também “Reparação”, do inglês Ian McEwan, prescrito para casos de excesso de mentira, e “1Q84”, de Haruki Murakami, potente para quando um amor acaba.
Fonte: “Saúde”